ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DO RIO DE JANEIRO – ACM

ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DO RIO DE JANEIRO – ACM
Desde o século XVI já existiam na Europa pequenos grupos de jovens cristãos que se reuniam para estudos bíblicos: na Holanda, em 1568; em Paris, em 1629; nos Estados Unidos, em 1677, entre outros movimentos em países europeus. Entretanto, nenhum deles alcançou a dimensão do movimento iniciado pelo então jovem George Williams. Esse movimento denominou-se Young Men’s Christian Association – YMCA, ou Associação Cristã de Moços – ACM. A ACM nasceu em um período muito agitado da história da humanidade. Na verdade, a ACM surge como uma resposta, uma consequência dos impactos sociais da Revolução Industrial.
Em 6 de junho de 1844, em Londres, Inglaterra, doze jovens fundavam a Young Men Christian Association (Associação Cristã de Moços) que trazia como objetivos primordiais buscar a cooperação dos jovens cristãos para difundir o Reino de Deus entre os outros jovens e promover reuniões espirituais entre os demais estabelecimentos de Londres.
Mas em que contexto a ACM relaciona-se com a história da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro?

Mas em que contexto a ACM relaciona-se com a história da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro? Men Christian Association (Associação Cristã de Moços) que trazia como objetivos primordiais buscar a cooperação dos jovens cristãos para difundir o Reino de Deus entre os outros jovens e promover reuniões espirituais entre os demais estabelecimentos de Londres.

Myron August Clark (1866-1920), chegou ao Brasil em 1891, enviado pela ACM, sendo arrolado membro da Igreja Presbiteriana de São Paulo, atual Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, em 04 de setembro de 1891, época em que ocorria a
segunda reunião do Sínodo. Nessa ocasião apresentou os planos de fundar a ACM no Brasil.
Em 12 de julho de 1892, foi nomeado Superintendente da Escola Dominical da Igreja Pres
biteriana de São Paulo. No ano seguinte, em 20 de abril de 1893 casava-se com Francisca Pereira de Morais, também conhecida como Chiquita Clark.








Vindo com a missão de fundar a ACM no Brasil, ele o fez em 04 de julho de 1893, na cidade do Rio de Janeiro. Estava assim organizada a primeira ACM no Brasil, cujo primeiro Presidente foi Nicolau Soares do Couto Esher. O Rev. A. B. Trajano proferiu um discurso no dia da inauguração.
Por conta da ACM-RJ, Myron A. Clark passou a residir no Rio de Janeiro. Foi membro fundador da Igreja Presbiteriana do Riachuelo, organizada em 17 de janeiro de 1894. Eleito o primeiro Presbítero e em seguida o primeiro Secretário dessa Igreja em 21 de janeiro de 1894.
Em 27 de julho de 1899 ele e a esposa eram recebidos como
membros da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, onde foi Superintendente da Escola Dominical até 1900 e sua esposa foi professora da Escola Dominical e Presidente da Sociedade Auxiliadora de Senhoras (hoje SAF) nos anos de 1900-1901 e 1907-1910. Foi ela que durante a come
moração dos 10 anos da Sociedade de Senhoras em 1908, quem apresentou a proposta da organização do Orfanato Presbiteriano para o Rev. Álvaro Reis, iniciando assim uma campanha para angariar fundos para a criação do Orfanato.
Quando da organização da Igreja Presbiteriana de Copacabana, em 21 de setembro de 1913, o Presb. Myron A. Clark e sua esposa estiveram entre os membros fundadores.
Em 1915 foi fundar a ACM em Coimbra, Portugal, ocasião em que esteve na Primeira Guerra Mundial assistindo aos jovens espiritualmente. Depois foi para os EUA e regressou ao Brasil, chegando em 30 de abril de 1920, vindo a falecer em 16 de maio de 1920. Pelos seus serviços para com Portugal recebeu o grau de Cavalheiro da Ordem de Cristo, mas não soube, pois a notícia chegou dois dias depois do seu falecimento. Essa condecoração está exposta na ACM-Rio a vista de todos.
Voltando a ACM, a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro sempre ofereceu total apoio a instituição, moral, espiritual, financeiro e divulgação. Tendo inclusive auxiliado financeiramente para compra do terreno e construção do primeiro prédio que abrigou a ACM no Rio de Janeiro.
Membros da Igreja participaram, e ainda hoje participam, ativamente da ACM. Muitos foram alunos, Presb. Adibe Vieira dos Santos, Eleny Silva, Divaldo Barbosa Gomes, Marlenice Lima Vieira dos Santos, Lucio Torres Gallindo, Elenice Soares de Souza, Nancy Marques e muitos outros; professores, como foi o caso dos Presbíteros Nilson de Oliveira e Sebastião Bueno Olinto; funcionários; fazendo parte da Diretoria, como foi o caso, além dos já mencionados, dos irmãos Álvaro d’Almeida, 1º Secretário Geral, Presb. Lysanias de Cerqueira Leite, Presidente da Comissão Executiva Nacional das ACM’s e Presidente da ACM-Rio; Presb. Alfredo Rebouças, Presidente; Diác. Thex Correia da Silva, Presidente; Luiz Frederico Carpenter, Presidente; Presb. Emílio Lourenço de Souza, Presidente; Rev. Guilhermino Cunha – Vice-Presidente; e os associados, os acemistas, como o Diác. Josias Alves de Souza, Diác. Nelson de Paula Pereira, Dominique Melo Mesquita, Sérgio Branco Pereira e tantos outros.

No período em que o primeiro templo da Igreja passou por uma das reformas, em 1896, a Sessão da Igreja se reuniu nas dependências da ACM-RJ; bem como eram realizados concertos musicais beneficentes, como foi o caso de um ocorrido em 17 de maio de 1915 em prol da construção do templo da Igreja Presbiteriana do Caju.
Dizia o Rev. Álvaro Reis, pastor da época, a respeito da ACM:

“Ela é um centro para os nossos moços, onde eles se reúnem e se divertem, se instruem e onde desenvolvem a sua piedade, e onde, também estreitam os laços de fraternidade cristã não só com os membros de nossa Igreja, mas com os membros de outras denominações. A ACM desenvolve uma atividade evangelística, atraindo para a Igreja os que ainda não conhecem a Cristo”.



Mas por que Associação de Moços? Porque, ainda, nessa época esportes eram destinados aos homens e não as mulheres. Hoje a ACM tem entre seus associados e professores, mulheres que desempenham tão bem as suas atividades.

Em 1903 a Igreja teve o privilégio de hospedar o culto da Convenção Nacional das ACM’s, nessa ocasião o Rev. Álvaro Reis fazia parte da Comissão Organizadora.
A cooperação presbiteriana foi organizadora, administrativa, pecuniariamente liberal, e igualmente zeladora de sua fidelidade aos infalíveis princípios da fé cristã. O edifício da ACM e a sua progressiva influência social em nosso meio são outros padrões da glória do presbiterianismo carioca. Graças a Deus. Assim concluía o Rev. Álvaro Reis falando sobre a ACM.
Ela é quem cria o Voleibol, em 1895, em Massachussets pelo Diretor do Departamento de Educação Física da YMCA, William Morgan; em 1913 a ACM foi a pioneira na organização de cursos de salvamento; em 1930, na ACM de Montevidéu, Uruguai, o Diretor da Seção de Educação Física Infantil, Juan Carlos Ceriani, cria o futebol de salão.
Na Primeira e na Segunda Guerra Mundial a ACM vai ter participação ativa na arrecadação de fundos de guerra para distribuição de alimentos, trabalhos de recreação e lazer, potencializando seu trabalho junto aos refugiados de guerra.
Promovendo a vida nos cinco continentes, a ACM, vem desenvolvendo ações voltadas à educação, ao esporte e à formação de lideranças voluntárias. Além disso, várias ações humanitárias são desencadeadas. As ACMs nacionais, auxiliadas pela Aliança Mundial, promovem atividades emergenciais em países assolados por problemas ocasionados pela falta de alimentos, pelas catástrofes naturais, dando assistência para refugiados.
Hoje, após 167 anos de organização, o ideal e a missão não mudaram as grandes mudanças e transformações do mundo não modificaram as bases fundamentais do trabalho.
A Base de Paris, realizada na Primeira Conferência Mundial em 1855, foi traçada a filosofia da ACM. As Associações Cristãs de Moços procuram unir os jovens que, considerando a Jesus Cristo como seu Deus e Salvador, segundo as Sagradas Escrituras, procuram em sua fé e em sua vida ser seus discípulos e juntos trabalhar para estender, entre os jovens, o Reino de seu mestre.
A Associação Cristã de Moços é uma instituição educacional, assistencial e filantrópica, sem fins lucrativos, que congrega pessoas sem distinção de raça, posição social, crença religiosa, política ou de qualquer natureza. É ecumênica e as suas práticas seguem a orientação cristã, firmando-se especialmente no Evangelho de Jesus Cristo, segundo João 17. 21: Para que todos sejam um.
Quando a sede da ACM-Rio passou para a Rua da Lapa, 86, o prédio de 13 andares lá construído foi fruto de uma grande campanha financeira. Alguns nomes destacamos aqui, pois juntos participaram da campanha para construção da nova sede da ACM, foram eles Carlos Gomes Cardoso, Divaldo Barbosa Gomes e Elio Gaspari. Os três, como alunos do Colégio da ACM, arrecadaram contribuições tão expressivas que foram suficientes para financiar o custo da construção de um pavimento inteiro. Esse grupo ganhou o primeiro lugar na campanha.
Como você pode ver, a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro através de alguns de seus membros foi uma grande incentivadora do trabalho da Associação Cristã de Moços do Rio de Janeiro, a primeira do Brasil.

Prof. Nelson de Paula
Historiador
Coordenador do Centro de Documentação – CENDOC
Diretor do Museu da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro
nelsondepaula@iprj.org.br


Fontes:

– História da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro 1862-2012.
– Nicolau Ricardo Esher ou Nicolau Soares do Couto Esher nasceu em 30 de julho de 1867, sendo batizado pelo Rev. A. G. Simonton, em 10 de novembro de 1867. Seus pais Wiliam Richard Esher e Henriqueta Augusta Esher foram recebidos como membros da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro em 09 de agosto de 1863. Em 06 de dezembro de 1885 fez a sua pública profissão de fé na Igreja Presbiteriana de São Paulo com o Rev. G. W. Chamberlain. Em 14 de agosto de 1886 era recebido na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro por carta de transferência da Igreja Presbiteriana de São Paulo. Sua estadia no Rio de Janeiro deu-se por estar cursando farmácia e medicina. Assim que se formou retornou para São Paulo, onde foi novamente arrolado como membro em 05 de abril de 1894. Em agosto de 1895 foi organizada, por Myron A. Clark a ACM em São Paulo, mas de curta duração, sendo reorganizada em 1902. Nicolau também foi o primeiro Presidente da ACM-SP. Casou-se com Ana Fernandes Braga, na Igreja Evangélica Fluminense em 20 de abril de 1897, no Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro foi professor da Escola Dominical. Em 29 de agosto de 1899 teve carta de transferência para a Igreja Presbiteriana de Niterói. A esposa faleceu em 04 de julho de 1937 e ele em 05 de julho de 1943. O casal teve seis filhos: Henrique, Anita, Lauresto, Cristina, Guilherme e Dulce.
– Myron August Clark representou o Brasil em muitas cerimônias oficiais, pois era um bom intérprete. Traduziu alguns livros e hinos, como “Preciosas são as horas” e “Nem sempre será”, que constam no Hinário Novo Cântico da Igreja Presbiteriana.
– IPRJ. Narrativa do movimento Espiritual e Financeiro da Igreja durante o ano de 1900. Rio de Janeiro: Musicografia Brasil Tipografia, 1901, p. 7 e 8.
– IPRJ. Relatório do Movimento Espiritual e Financeiro da Igreja Evangélica Presbiteriana do Rio de Janeiro durante o ano de 1921, vigésimo quinto do pastorado do Rev. Álvaro Reis. Rio de Janeiro: Papelaria e Tipografia Marques, Araújo & C., 1922, p. 8 e 9.
– Informações obtidas em < http://www.ymca.org.br>. Acesso em 06.07.2011.



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